quarta-feira, 11 de junho de 2008

O que é o surrealismo?

Para compreendermos o Surrealismo é preciso entender a vida na Europa após 1918, quando acabou a Primeira Guerra Mundial. Esse conflito resultou em um grande número de mortos, não só de combatentes, como de cidadãos comuns. Cidades inteiras foram destruídas e a Europa acabou perdendo o domínio econômico sobre os demais países do mundo. Os Estados Unidos, que só haviam aderido à guerra em abril de 1917, se tornaram então a grande potência mundial.

Com essa triste situação, surgiu um movimento artístico chamado Dadaísmo. Os dadaístas contestavam, ironizavam e desmistificavam os valores da sociedade européia, a começar pela própria arte.

Esse movimento serviu de inspiração ao Surrealismo. Porém, os surrealistas propunham uma ação coletiva para tornar o ser humano mais livre e criativo. Eles tentavam compreender o mundo com outro sentido, buscando tornar real o que antes era apresentado como irreal.

O surrealismo surgiu na França na década de 1920. Este movimento foi significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostram a importância do inconsciente na criatividade do ser humano. De acordo com Freud, o homem deve libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente. O pai da psicanálise, não segue os valores sociais da burguesia como, por exemplo, o status, a família e a pátria.

Em 1924, a partir da publicação do Manifesto do Surrealismo, o qual lançou o movimento surrealista, o escritor André Breton e o seu amigo Philippe Soupault adotaram a palavra e "batizamos com o nome de Surrealismo, a nova moda de expressão que tínhamos à nossa disposição e que desejávamos passar aos nossos amigos".

Breton adotou a palavra Surrealismo para descrever a prática literária e artística que ele e os seus «amigos» seguiam. Ela descreve uma aventura coletiva, centrada na figura de Breton, que começou em Paris nos anos 20 e abarcava poesia, pintura, prosa, escultura, fotografia, cinema,....

Segundo André Breton, "Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual se propõe expressar, verbalmente, por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. O pensamento é ditado com ausência de qualquer outro exercício da razão, a margem de toda preocupação com estética ou moral.

O Surrealismo procurava a comunicação com o irracional e o ilógico, desorientando e re-orientando deliberadamente o consciente através do inconsciente.

Em 1929, Breton publicou o "Segundo Manifesto do Surrealismo" e aqueles artistas que não agiam nem compartilhavam com as idéias do poeta foram expulsos do movimento. Breton achava que o artista não poderia deixar de ser racional apenas em sua arte, mas deveria agir assim em todas as circunstâncias. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, o surrealismo foi considera-do pela opinião pública um "acidente" sem importância. Mas, por volta de 1950, constatou-se que o movimento marcou profunda-mente, não só a poesia, mas o romance, o teatro, as artes plásticas e o cinema. Os maiores expoentes do movimento foram Salvador Dalí, Max Ernst e René Magritte na pintura, Man Ray na fotografia e Luís Buñuel no cinema.