sexta-feira, 20 de junho de 2008

Brasil vence miséria com salários melhores. PNUD

Eu como leitor dos boletins do PNUD me senti na obrigação de colocar essa matéria na integra. Podemos ver muita diferença na miséria e no salário aqui descrito. JP

San José, 21/05/2008

Brasil vence miséria com salários melhores
Estudo indica que país é um dos poucos da América Latina em que transferência de renda não foi principal causa da queda da pobreza.

OSMAR SOARES DE CAMPOS
da PrimaPagina
www.pnud.org.br/

O Brasil é um dos únicos países da América Latina e do Caribe em que a redução da miséria nos últimos anos esteve ligada ao aumento do rendimento dos mais pobres, afirma um relatório da CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe). Chile e Equador seguiram tendência semelhante. Nos outros países da região o progresso no combate à extrema pobreza se deveu, de modo geral, a programas de transferência de renda e outras formas de benefício.

De 1990 a 2007, “com exceção de Chile, Brasil e das áreas urbanas do Equador, o incremento da renda do trabalho pelas pessoas ocupadas não beneficiou as famílias mais pobres”, diz o estudo, intitulado Objetivos de Desenvolvimento do Milênio — O avanço no direito à saúde na América Latina e no Caribe. “De modo geral, os estratos mais pobres foram beneficiados mais por rendimentos não-laborais ligados a remessas, transferências monetárias estatais e outras fontes”, assinala o relatório, produzido com apoio de outros organismos da ONU, entre eles o PNUD. O documento destaca que a pobreza, a desnutrição e a fome têm forte influência sobre a saúde e são um obstáculo para que se desfrute efetivamente da saúde como direito do cidadão.

Se mantiverem a tendência dos últimos anos, América Latina e Caribe conseguirão atingir a meta de reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de miseráveis, segundo a CEPAL — que classifica como miseráveis os que não têm renda para adquirir uma determinada quantidade de alimentos. A proporção de pessoas nessa condição caiu de 22,5%, em 1990, para 12,7% em 2007. Ou seja, em 68% do tempo estabelecido, 87% da meta havia sido atingida.

Esse número, contudo, não reflete o que está acontecendo em todas as nações da região: de 17 países sobre os quais o estudo traz números detalhados, apenas nove estão no ritmo adequado para cumprir a meta — incluindo Brasil, México, Chile e Equador, que já alcançaram o primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio.

Uma das dificuldades para elevar o rendimento do trabalho, indica o relatório, é o baixo nível de ensino dos pobres. Esse e outros fatores que dificultam o desenvolvimento de capacidades e habilidades nessa faixa da população “determinam que sua [dos pobres] inserção no mercado de trabalho seja precária e em ocupações de baixa produtividade”.

Preço de alimentos

Um obstáculo para que a América Latina e o Caribe continuem a avançar na redução da pobreza é o aumento recente do preço da comida. Os índices latino-americanos de inflação dos alimentos subiram a um ritmo anual de 6% a 20%, em média 15% — problema que afeta especialmente os pobres, que gastam maior a parte de seus rendimentos para se alimentar.

"Não só o efeito de distribuição castiga quem menos tem, como também provoca um aumento nítido da porcentagem de pobres e indigentes que, ao não verem um aumento das rendas mensais disponíveis, não podem adquirir uma cesta básica de alimentos", diz o texto.

De acordo com simulação da CEPAL, se o rendimento das famílias não subir e houver alta de 15% no preço da cesta básica de alimentos com que o organismo calcula a indigência, a proporção de miseráveis na América Latina e no Caribe deve avançar 3 pontos percentuais, chegando a 15,9%. Ou seja, em vez de avançarem rumo à meta de reduzir a pobreza pela metade, a região iria retroagir.

O relatório sugere que os países criem políticas para atenuar esses efeitos. As medidas poderiam incluir "ações que diminuam os preços ou as altas dos preços dos alimentos nos mercados internos" e redução de tarifas e impostos sobre o consumo. "Outras políticas podem ser melhorar os rendimentos da população, especialmente dos setores de baixos recursos, mediante novos subsídios focalizados em certos setores ou o aumento dos subsídios vigentes", afirma o estudo, destacando ainda a importância de investimentos emergenciais de países desenvolvidos e de organismos internacionais para o enfrentamento do problema.

O ESTUDO.

O relatório "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio — O avanço no direito à saúde na América Latina e no Caribe" foi coordenado pela CEPAL, com participação do PNUD, da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), do PMA (Programa Mundial de Alimentos) e do UNICEF (Fundo das nações Unidas para Infância).

O lançamento do estudo ocorreu nesta terça-feira em San José, na Costa Rica (12h no horário de Brasília), e contou com a participação de autoridades das agência da ONU envolvidas no trabalho, bem como do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e do UNIFEM (Fundo do Desenvolvimento da ONU para a Mulher).

Além de abordar questões relativas à erradicação da extrema pobreza e da fome para melhorar a saúde pública, o estudo faz ainda comparação sobre os sucessos dos ODM entre os países da América Latina, a desnutrição crônica e suas causa, o financiamento dos ODM na América Latina e Caribe e discute os princípios para políticas públicas de saúde.

Fonte PNUD

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